ABHH apoia campanha OMS – “Doe sangue a quem gera vida”  – e reitera importância da segurança transfusional nas bolsas de sangue transfundidas no Brasil

Com o objetivo de conscientizar os países sobre a importância da segurança transfusional a Organização Mundial da Saúde (OMS) trouxe o foco de doação de sangue às gestantes como alvo da campanha do Dia Mundial do Doador de Sangue, que acontecerá neste sábado, 14 de junho. Intitulada “Doe sangue a quem gera a vida” (tradução livre do original, em inglês Give Blood for Those Who Gives Life), neste ano as ações são direcionadas à conscientização quanto a um dos grupos que mais demandam sangue: o de mulheres que durante o parto ou após dar à luz apresentam hemorragia grave e necessitam de sangue e hemocomponentes.

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A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) chama a atenção da população brasileira para a importância da doação de sangue regular e voluntária no País, como forma de salvar e garantir a manutenção da vida de pessoas que necessitam de transfusões contínuas. A doação de sangue é fundamental para aqueles pacientes atendidos em emergências com grande perda sanguínea, como no caso de hemorragia materna.

De acordo com a OMS a transfusão de sangue tem sido identificada como uma das nove principais intervenções de salvamento em casos de complicações relacionadas com a gravidez e/ou parto, sendo a primeira causa de mortalidade o sangramento severo (provável após o nascimento do bebê); seguido de infecções (normalmente após o nascimento do bebê); pressão alta durante a gravidez (pré-eclâmpsia ou eclâmpsia) e o aborto clandestino.

Apesar de no Brasil ter sido registrada de 1990 a 2013 uma queda de 43% no número de mulheres vítimas de complicações durante a gravidez ou parto, ainda há uma taxa de mortalidade de 69 mães por 100 mil nascidos vivos (ano de 2013), conforme relatório apresentado pela OMS em maio deste ano. Antes o índice de mortalidade atingia 120 mães por 100 mil nascidos vivos.

Para se ter uma ideia, todos os dias aproximadamente 800 mulheres morrem em decorrência de complicações no parto e/ou na gravidez, sendo a hemorragia uma das principais causas de mortalidade, morbidade e incapacidade à longo prazo. Na África, os indicadores apontam que 34% das mortes maternas decorrem de hemorragia; 31% na Ásia e 21% na América Latina e Caribe.

Muitos pacientes que necessitam de transfusão não têm acesso a sangue seguro. A OMS recomenda que todas as atividades relacionadas à doação do sangue – coleta, análise, processamento, armazenamento e distribuição – devem ser coordenadas em âmbito nacional, por meio de uma organização eficaz e uma política pública que possa garantir acesso universal e consistência na qualidade e segurança do sangue e seus derivados.

Brasil e a segurança transfusional – onde estamos?

Hoje duas são as “armas” responsáveis por ampliar a segurança nas transfusões no Brasil no que cabe à detecção de vírus como HIV, hepatites B e C: o exame ELISA e o NAT.

O Elisa, da sigla em inglês Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay, possui alta sensibilidade na detecção dos anticorpos contra os vírus no sangue.

O NAT, sigla em inglês para teste de ácido nucleico, detecta a presença do vírus no organismo e não apenas a reação do organismo ao vírus (anticorpo). Complementar ao ELISA, o NAT reduz o período de detecção na janela imunológica (tempo em que vírus permanece indetectável no organismo de um indivíduo). Assim, compondo os dois na análise sanguínea aumenta a segurança transfusional.

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A obrigatoriedade da adoção do NAT no Brasil entrou em vigor por meio de portaria publicada no dia 13 de fevereiro de 2014. Há mais de uma década que a medida era esperada por médicos, sociedade civil e gestores de serviços de hemoterapia e bancos de sangue de todo o País.  Entretanto, apesar de a portaria representar uma vitória para o País, a ABHH ressalta que ainda não é contemplada a obrigatoriedade do NAT na detecção do vírus HBV (hepatite do tipo B).

No início deste ano, por meio de ofício, a Associação encaminhou uma série de recomendações à Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do MS quanto a importância da implementação do teste também para detecção da Hepatite B. No documento, assinado pelo presidente da ABHH, Dimas Tadeu Covas, a entidade relata que, seguramente, um dos maiores problemas de saúde pública do mundo é a contaminação pelo vírus da hepatite B decorrente de transfusões de sangue e seus componentes.

A introdução do teste NAT para HBV pode reduzir em mais de 50% as infecções que seriam transmitidas por meio de doações no período de janela imunológica – fase em que o vírus permanece indetectável no organismo de um indivíduo. Em termos mundiais isto significa a prevenção de 16,5 casos por milhão de doações/ano. No Brasil isto representaria a prevenção anual de 66 a 100 casos de hepatite B pós-transfusional.

No âmbito do NAT para HIV e hepatite C, ambos exames em fase de implantação no território nacional, a Associação salienta que ainda há aspectos quanto a sensibilidade que necessitam de aperfeiçoamento para atingirem a eficácia a que se propõem.