Um estudo inédito apontou resultados promissores no prolongamento da sobrevida livre de progressão do mieloma múltiplo. Denominada “First” (Frontline Investigation of Lenalidomide + Dexamethasone Versus Standard Thalidomide) a pesquisa, que foi coordenada por Thierry Facon (foto), professor do Departamento de Hematologia do Lille University Hospital, na França, acompanhou mais de 1.600 pacientes de 246 centros de tratamento de 18 países, com mediana de idade de 65 anos de idade, que foram submetidos à combinação de lenalidomida e dexametasona de forma contínua e em baixas doses.
A descoberta foi apresentada durante o 55º ASH Annual Meeting, realizado de 7 a 10 de dezembro, em New Orleans (EUA), em um workshop direcionado à imprensa mundial, que contou com a presença de 50 repórteres. Do Brasil, havia representantes do jornal Correio Braziliense e do O Dia (RJ), da TV CNT, da rádio CBN, do Portal Globo.com, das revistas Carta Capital, Onco & e, também, da publicação oficial da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), a Hemo em revista.
Segundo Angelo Maiolino, diretor da ABHH e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que esteve presente naocasião, a pesquisa comprova a superioridade do uso da lenalidomida em termos de sobrevida quando comparado ao esquema padrão atual de melfalano, prednisona e talidomida em pacientes recém-diagnosticados não elegíveis para transplante.
O brasileiro salienta ainda que o estudo “estabelece um novo padrão de atendimento aos pacientes em todo o mundo”. O tratamento contínuo geralmente é indicado para pacientes que apresentavam recaída após 72 semanas de terapia de indução, devido a toxicidades associadas com a terapia de longo prazo. “Agora está comprovada a importância desse tratamento logo após o diagnóstico”, explicou Maiolino.
Maiolino confidenciou que está em andamento o estudo “Endeavor” que conta com a participação de centros brasileiros. A pesquisa compara carfilzomibe e dexametasona vs velcade e dexametasona para pacientes com mieloma múltiplo em recaída.
Outra constatação foi a redução de 22% no risco de morte no grupo que utiliza lenalidomida e dexametasona. Vania Hungria, médica e professora da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, logo depois de assistir a apresentação de Facon, disse que a lenalidomida, já aprovada em mais de 80 países, ainda não recebeu o registro na ANVISA, nem mesmo para tratamento de segunda linha, o que prejudica os pacientes e frustra os médicos. Ela acrescentou que a situação dificulta também a participação de pacientes brasileiros em estudos internacionais como o apresentado pelo pesquisador francês, do qual o país não foi incorporado.
Participaram das discussões promovidas no Workshop os pesquisadores, Brian G.M. Durie, fundador da International Myeloma Foundation (IMF), instituição parceira da pesquisa de Facon; María-Victoria Mateos, da Universidade de Salamanca, na Espanha; Joseph Mikhael, da Mayo Clinic, Scottsdale, Arizona; e Joseph Tariman, da Northwestern University Myeloma Program, de Chicago, Illinois. A presidente da IMF, Susan Novis, e a presidente da IMF Latin American, Christine Battistine, também colaboraram com os debates.
Saiba mais: A cobertura completa da participação dos brasileiros no ASH13, bem como os estudos promissores no campo da hematologia apresentados durante o congresso podem ser vistos na primeira Hemo em revista de 2014, a ser publicada em março.