Desde que a ABHH tomou a decisão de incorporar a promoção de equidade em sua missão, estabelecendo um Programa que mapeia, identifica e busca apontar soluções para tornar o diagnóstico e tratamento dos pacientes e serviços da especialidade acessível dentro das 5 regiões do território brasileiro, nosso coletivo passa por um importante processo de mudança.
Hoje, estamos mais conscientes e exercitamos constantemente nosso olhar para que nossas ações busquem o alcance de igualdade, levando-se em consideração as necessidades específicas de cada pessoa, independentemente do sexo, raça, gênero, classe social ou local onde vive.
Sempre soubemos que assumir a missão de promover equidade nos levaria a descobertas de cenários desafiadores. Por exemplo, neste Dia Internacional da Mulher, é justo celebrarmos que 60% do nosso quadro é formado por profissionais mulheres. É certo que é motivo para otimismos enxergar esse avanço quando comparamos o cenário às décadas passadas. Entretanto, apesar dos avanços conquistados, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar a equidade no campo da medicina.
Mas como está o cenário de faixa salarial e liderança dessa maioria?
Uma pesquisa realizada pela ABHH durante o congresso HEMO, intitulada “Desigualdade da Medicina” que entrevistou 430 profissionais presentes no nosso congresso anual, mostrou que, para 37,7% dos (as) participantes, a remuneração de homens é melhor que a de mulheres, sendo que esta percepção é um pouco maior entre as mulheres (39%) do que os homens (33%).
A questão de gênero também apareceu quanto à percepção dos profissionais sobre a preferência de pacientes em serem atendidos por homens ou mulheres: a pesquisa mostrou que 30% dos pacientes declaram preferir ser atendidos por um profissional médico homem, enquanto apenas 3,5% declara a preferência pelo atendimento por mulheres. Os demais preferiram não souberam ou preferiram não opinar.
A mesma realidade é retratada no levantamento da Demografia Médica no Brasil 2023, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM). O estudo mostra que as mulheres recebem de honorários, em média, R$ 13 mil a menos que os homens.
Além da sub-representação, as médicas brasileiras também enfrentam disparidades salariais e menor probabilidade de ocupar cargos de liderança.
Essas desigualdades têm um impacto negativo não apenas nas carreiras das profissionais, mas também na qualidade da saúde prestada à população brasileira. Estudos demonstram que equipes diversas, com maior representação feminina, tendem a fornecer cuidados mais abrangentes e centrados no paciente.
Estudos demonstram que equipes diversas, com maior representação feminina, tendem a fornecer cuidados mais abrangentes e centrados no paciente.
Neste Dia Internacional da Mulher, é crucial renovar o compromisso de promover a equidade de gênero na jornada da saúde brasileira.
E o Programa de Equidade da ABHH aponta algumas práticas a serem adotadas:
- Incentivar e apoiar a entrada de mais mulheres em Faculdades de Medicina e Programas de Residência Médica;
- Criar ambientes de trabalho inclusivos e livres de discriminação;
- Implementar políticas que promovam a igualdade salarial e oportunidades de carreira para as mulheres;
- Reconhecer e valorizar as contribuições das mulheres para a saúde e a sociedade brasileira.
Ao enfrentarmos as desigualdades de gênero dentro da própria especialidade, contribuímos para a criação de um sistema de saúde mais justo e equitativo para todos.