No último dia 7, a ABHH promoveu para todos os associados o 1º Treinamento de Acesso a Medicamentos, em parceria com Sense Company, consultoria especializada na incorporação de novas drogas. O evento aconteceu no hemocentro da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e abordou a avaliação de tecnologias na área da saúde e regulamentação dos sistemas de saúde público e suplementar.
Ângelo Maiolino, diretor de comunicação da ABHH e coordenador do curso, explicou a importância deste tipo de atualização para os associados da entidade. “No sistema público precisamos passar pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), mas temos um conhecimento fragmentado de seu funcionamento. O objetivo do curso é dar uma uniformidade para que as pessoas, principalmente as que estão mais atuantes em áreas como políticas públicas e direitos dos pacientes, saibam defender melhor a importância de determinada droga ou procedimento”, diz.
A aula foi ministrada pela diretora da empresa, Camila Pepe. Formada em engenharia de produção e mestre em ciências médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Camila explicou que o processo de registro e incorporação de novos medicamentos pelo Ministério da Saúde depende de uma série de fatores: como análise de custo-efetividade do produto, comprovando sua eficácia na redução de mortalidade ou melhora na qualidade de vida do paciente, além de precisar apresentar a viabilidade financeira para definir o número de pacientes elegíveis para tal tratamento.
“Essa é uma análise que envolve diversos profissionais, como estatísticos e engenheiros. Então, existe a necessidade de ser um processo multidisciplinar, mas a opinião do médico é importante para definir e embasar o caminho correto que o paciente deverá percorrer ao longo do tempo”, diz Camila.
Atuação da ABHH
Em 2017, na última atualização do rol de medicamentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a ABHH atuou para a incorporação de quatro medicamentos. O objetivo é expandir essa atuação junto à Conitec, explica Maiolino. “Existe uma diferença muito grande do que é possível se utilizar no sistema privado quando comparado ao sistema público. Recentemente a Anvisa aprovou uma série de novas drogas na área de onco-hematologia e que ainda vemos distante a incorporação destes medicamentos no SUS”, finaliza Maiolino.
No último dia 10 de agosto a ABHH oficializou a criação do Comitê de Medicamentos a fim de atuar no registro e incorporação de novas drogas na saúde pública e privada e difundir o conhecimento técnico e científico sobre o tema. Com 12 participantes na primeira edição, a expectativa é que aconteçam outros treinamentos.
Demora no registro
Após quase dez anos do pedido de incorporação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou em dezembro de 2017 o uso da lenalidomida para o tratamento de mieloma múltiplo. No Brasil, o medicamento é indicado para uso em combinação com a dexametasona, para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo refratário ou recidivado que já tenham recebido pelo menos um esquema de tratamento prévio. A lenalidomida também é recomendada para pacientes com anemia dependente de transfusões decorrentes de síndrome mielodisplásica. Porém, a droga só estará disponível na saúde suplementar a partir de 2020.
Sense Company