Há alguns anos, a ABHH e outras entidades médicas e de pacientes travam uma batalha com o governo contra o desabastecimento de drogas essenciais para o tratamento onco-hematológico.  São medicamentos como a carmustina, usada para o tratamento de linfomas, que afetam o tratamento de milhares de pacientes em todo o Brasil. Na edição nº 36 da Hemo em Revista, a Anvisa se pronunciou sobre a descontinuação de alguns remédios.

O principal motivo para a falta de tais drogas é o desinteresse comercial por parte da indústria. Em fevereiro deste ano, a ABHH, em conjunto com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), assinou uma carta aberta pedindo maior empenho do governo, indústrias farmacêuticas, sociedades especializadas e sociedade civil para que sejam tomadas medidas efetivas contra a falta de tais medicamentos.

“Estamos sem medicamentos baratos para tratar pacientes porque as indústrias farmacêuticas não se interessam em manter a produção destes remédios. Estamos vivendo um caos”, disse o presidente da SBTMO, Dr. Nelson Hamerschlak, durante o XXII Congresso da SBTMO, realizado no início de agosto. O evento contou com um painel voltado à incorporação de tecnologias no SUS com a participação de representantes de sociedades médicas, de pacientes e órgãos públicos.

Em entrevista concedida para a Hemo em Revista, a presidente do Movimento Todos Juntos contra o Câncer e da Abrale, Merula Steagall, denunciou a falta de interesse da indústria farmacêutica e morosidade do governo em solucionar a questão. “Muitos produtos têm um valor baixo e estão saindo do mercado por falta de interesse comercial e empenho do Governo para organizar os suprimentos desses produtos de forma estruturada”, pontuou.

Na mesma edição, a Anvisa respondeu aos questionamentos da reportagem sobre cinco medicamentos. Leia na íntegra.

Clorambucil e melfalano

Foi notificada em 8 de abril de 2016 sobre a descontinuação e a transferência para a Aspen por motivação comercial. A GSK se comprometeu a oferecer a droga por um ano. Em 6 de fevereiro de 2017, a transferência foi concluída.

Bleomicina

A Biosintética protocolou a descontinuidade temporária em 28 de agosto de 2017 devido a problemas na fábrica. Ao identificar falhas na fabricação, a ANVISA suspendeu a importação e venda dos lotes. Para minimizar os impactos, a comercialização dos lotes prontos foi liberada em 13 de dezembro de 2017, entretanto, já há, novamente, falta do medicamento. Através do Comitê de Acesso à Medicamentos,  a ABHH está atuando em diversas frentes junto a ANVISA, Ministério da Saúde, Ministério Público Federal e Associações de Pacientes.

Actinomicina D

A suspensão foi solicitada em 30 de julho de 2014 por motivação comercial. Em 21 de outubro de 2014, Anvisa e Ministério da Saúde se reuniram para discussão sobre o caso e estudam a adoção de medidas.

Carmustina

A descontinuação definitiva foi protocolada em 24 de julho de 2017 por motivação comercial. A suspensão ocorreu após rescisão contratual entre Biolab e Emcure, parceria pela qual o produto era comercializado no Brasil. O distrato entre as empresas prejudicou a comercialização.

Consulte a lista de medicamentos com notificação de descontinuação: portal.anvisa.gov.br/descontinuacao-de-medicamentos