CONQUISTA ABHH: PACIENTES COM HEMOFILIA PASSAM A TER ACESSO A NOVO MEDICAMENTO NO SUS
DECISÃO ATENDE SOLICITAÇÃO DE COMITÊ DE ACESSO A MEDICAMENTOS DE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HEMATOLOGIA, HEMOTERAPIA E TERAPIA CELULAR
A Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde aprovou, em dezembro de 2019, a incorporação do medicamento Hemcibra® (Emicizumabe), para tratamento profilático com hemofilia. A medida atende a uma solicitação do Comitê de Acesso a Medicamentos da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), que atua para que novas medicações sejam incorporadas no SUS e possam atender pacientes com doenças onco-hematológicas como a hemofilia.
A nova medicação, recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no serviço público de saúde, é direcionada a pacientes com hemofilia A, tipo mais comum da doença, representando até 85% dos casos, e inibidores do fator VIII de coagulação refratários ao tratamento de imunotolerância.
“A ABHH tem se empenhado, sem medir esforços, para apoiar a incorporação de drogas e tratamentos essenciais à população brasileira”, afirma o presidente da entidade, Dante Langhi Jr. “Em 2019, realizamos dois Fóruns de Acesso a Medicamentos e esse resultado demonstra que nosso trabalho junto aos órgãos regulatórios está sendo efetivo”, completa.
Segundo Patrick Eckert, presidente da Roche, farmacêutica responsável pelo desenvolvimento do medicamento, a incorporação deverá ampliar as opções de tratamento, tornando acessíveis inovações em saúde pública. “Agora o Ministério da Saúde irá elaborar o protocolo clínico de tratamento para estabelecer os critérios para prescrição. Após a publicação do protocolo, o órgão tem um prazo de 180 dias para disponibilizá-lo na rede”, explicou.
A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, na Portaria nº 62/2019, e pode ser consultada clicando aqui.
Hemofilia no Brasil
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no Brasil existam cerca de 9 mil hemofílicos. A hemofilia é uma doença hemorrágica hereditária ou adquirida, caracterizada pela ausência de diversas proteínas do sangue responsáveis pela coagulação.
Há dois tipos mais frequentes de hemofilia. A hemofilia A é caracterizada por uma deficiência de fator de coagulação VIII. Enquanto a hemofilia B, pela ausência de fator IX. Ainda, a hemofilia hemorrágica hereditária, mais rara, traz alterações no fator de von Willebrand, sendo chamada de doença de von Willebrand.
Para tratar a hemofilia é necessário administrar medicamentos com concentrados de fatores deficientes no sangue, por exemplo, quando o paciente se corta ou sofre um trauma, ou mesmo para preveni-los. As pessoas com hemofilia podem ser portadoras desde cedo, o que causa danos no aparelho locomotor (artrose, deformidades e dor nas juntas), compromete a qualidade de vida e impacta no relacionamento social.
Desde 2011, o Brasil assegura no âmbito do SUS a profilaxia, tratamento preventivo para inibir hemorragias, possibilitando que os pacientes com hemofilia tenham qualidade de vida e exerçam atividades antes consideradas mais difíceis, como estudar, trabalhar e praticar esportes. Por meio dos Hemocentros e Centros de Tratamento de Hemofilia, essas pessoas têm acesso aos medicamentos disponibilizados na rede.
Acesso a Medicamentos
O Comitê de Acesso a Medicamentos da ABHH tem como missão debater os caminhos percorridos para a incorporação de novos medicamentos e o abastecimento de drogas amplamente utilizadas pelos sistemas público e privado de saúde.
“Temos um grau de inovação muito grande no tratamento do câncer de modo geral, mas também de outras doenças onco-hematológicas. Mesmo que essa aprovação dos medicamentos no Brasil aconteça de uma forma bem adequada, a incorporação destes tratamentos tanto no SUS quanto no sistema privado é um desafio”, concluiu Ângelo Maiolino, coordenador do Comitê.