Profissionais internacionais ministraram palestras sobre formas de terapêuticas de tipo de câncer que afeta a medula óssea
Em evento organizado pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), o médico hematologista Lewis Silverman, da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, de Nova Iorque, e Erin P. Demakos, enfermeira que atua na MDS Foundation, também nos Estados Unidos, apresentaram a dificuldade de diagnóstico da doença e como o paciente pode se informar sobre a displasia que afeta a produção normal do sangue. As palestras foram realizadas no dia 23, em São Paulo.
A síndrome mielodisplásica (SMD) é um tipo de câncer que afeta a produção necessária das células sanguíneas saudáveis pela medula óssea, caracterizadas por três linhagens (hemácias, leucócitos e plaquetas). Como essas células têm curto período de vida e não são repostas, há uma anormalidade de sua circulação no organismo humano. Além disso, as células imaturas ficam em maior quantidade na corrente sanguínea.
Silverman classifica a síndrome como uma doença de diagnóstico complicado, que atinge indivíduos mais velhos, embora haja relatos de casos de pacientes entre 20 e 30 anos. “Além da anormalidade da produção de células, alguns pacientes têm maior fator de risco. Quando os sintomas da SMD começam a aparecer, uma pessoa mais velha com problemas cardíacos passar a ter dor constante no peito e maior cansaço. Para um pré-diagnóstico, há necessidade de um hemograma com contagem baixa de plaquetas no sangue e, dependendo do caso, biópsia da medula com citogenética”, explica o médico.
Infelizmente, algumas doenças se sobrepõem à SMD e podem se desenvolver a partir do surgimento da síndrome, como anemia aguda, já que há deficiência da produção da vitamina B12, e doenças autoimunes. “Além da leucemia, que pode atingir 20% dos pacientes, caso a SMD não seja tratada devidamente”, acrescenta Silverman.
Sobre o tratamento, é possível deixar a doença estável com efetivos intensos. É necessário apurar quais recursos estão disponíveis para dar suporte ao tratamento, como faz a Abrale. Há pacientes que fazem tratamento apenas com antibióticos e transfusão de sangue, mas que pioram com o tempo. Por exemplo, a medicação à base de azacitidina tem bons resultados com pacientes, mesmo quando há resposta limitada.
A lenalidomida é a melhor droga para tratar a anormalidade da célula – cerca de 25% dos pacientes respondem a esse medicamento, um bom índice, segundo Silverman. No entanto, a droga não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil.
Durante o encontro na Abrale, a enfermeira Erin orientou os pacientes sobre a importância da informação em relação à SMD. É necessária uma ação em conjunto de pacientes, para ter o melhor resultado possível. O avô da enfermeira foi diagnosticado com a doença e o medo do desconhecido a fez querer ajudar os pacientes a conhecerem melhor o tipo de doença que os acomete. “Além do tratamento multidisciplinar, a necessidade de compreensão de como a síndrome acontece e progride é fundamental.” Uma dica preciosa é fazer um diário sobre como a pessoa em tratamento se sente, e apresentar as informações nas consultas de rotina. Um questionário com perguntas sobre a SMD também é bem-vindo ao médico, pois quanto mais se conhece o problema, mais autoconfiança no tratamento o paciente terá.