Foi entre os dias 8 e 9 de junho, no Hotel Meliá, na cidade de São Paulo, que os membros do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular encontraram-se pela oitava vez para discutir as doenças que acometem os glóbulos vermelhos e o ferro. O VIII Encontro reuniu profissionais da hematologia e hemoterapia, médicos de outras especialidades, residentes e outros profissionais de saúde.
O evento acontece a cada dois anos e os temas abordados em forma de mesa-redonda são escolhidos por membros do comitê: “Nós abordamos questões mais gerais possíveis no dia a dia do consultório do hematologista. Há a inclusão também de pesquisas de ponta para saber o que está acontecendo na fronteira do conhecimento”, explica o coordenador da comissão e hematologista, Dr. Fernando Ferreira Costa.
A doença falciforme (DF) ganhou bastante destaque nos dois dias do encontro. Foram três mesas-redondas sobre o tema e que se diversificaram em três partes: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. “Temos um grande número de pacientes com doença falciforme no Brasil por conta da carga genética da nossa população. Estima-se que nasçam cerca de 3.000 crianças com DF por ano e, apesar de todos os esforços para o diagnóstico precoce e melhor conhecimento da DF, trata-se de doença grave cuja taxa de mortalidade continua alta mesmo na idade pediátrica, e essa preocupação foi pauta de importante de amplas discussões entre os participantes”, afirmou o membro da comissão e professor da Santa Casa de São Paulo, Dr. Rodolfo Cançado. A preocupação do hematologista é explicada com as estatísticas apresentadas da DF neste encontro, particularmente de Minas Gerais, Rio de Janeiro e de São Paulo.
Além da DF, outras doenças como hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), anemia hemolítica auto-imune e deficiência de ferro também foram abordadas e amplamente discutidas no VIII Encontro. A consultora médica da Sysmex América Latina e Caribe, Dra. Helena Grotto, palestrou sobre como deve ser feita a investigação da deficiência de ferro em situações de inflamação: “É uma dúvida frequente na diferenciação da anemia ferropriva e da anemia de doença crônica. A deficiência pode ser subdiagnosticada e pode piorar o prognóstico do paciente”.
Marcella Moraes é residente do terceiro ano da especialidade na Santa Casa de São Paulo e foi ao encontro pela primeira vez: “Ter contato com o que existe de mais atualizado e que está disponível tanto no sistema público como no privado faz diferença para nossa formação”, apontou.
Nos dois dias do VIII Encontro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro da ABHH participaram 116 inscritos A novidade dessa edição é que alguns membros do comitê farão de um grupo de assessoramento técnico em DF da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo, com o objetivo de unir forças com o poder público para aperfeiçoar o atendimento ao paciente que possui alguma doença relacionada com glóbulos vermelhos ou ferro com DF no estado de São Paulo.