1aibeDiretores e Grupo de pesquisadores da AIBE – um passo para a evolução científica binacional 

Uma reunião histórica para a evolução científica ítalo-brasileira no campo da hematologia. Este foi o saldo da décima segunda edição do Encontro da Associazione Italo-Brasiliana di Ematologia (AIBE), que aconteceu na cidade de Campinas, interior de São Paulo, nos dias 20 e 21 de setembro, e contou com a presença de mais de 60 participantes. Tradicionalmente, a reunião tem edições em anos ímpares no Brasil e pares na Itália.

Confira o álbum de fotos do encontro no Facebook da ABHH

Após dois dias de intenso intercâmbio de conhecimento e discussão de propostas de estudos conjuntos, os pesquisadores brasileiros e italianos estabeleceram oito projetos binacionais no âmbito da ciência básica: Registros de Linfomas; Pesquisa laboratorial; Biologia/Patologia dos Linfomas; PET-CT; Leucemia linfocitica crônica; Leucemia Mieloide Crônica, Projetos Clínicos em Linfomas; e o inédito Mieloma Múltiplo.

aibe2Segundo o diretor da AIBE e um dos coordenadores do encontro, Carmino Antonio de Souza, esta reunião além de um marco na trajetória da entidade, foi também importante por mostrar o aperfeiçoamento das pesquisas bilaterais. “Os resultados deste encontro apontam para um amadurecimento que será base de um futuro promissor que percorrermos por meio de nossos estudos”, relata Souza, que preside a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH).

Quando iniciou suas atividades, em 2004, os membros do grupo não imaginavam que esta parceria renderia tantos frutos quanto os conquistados neste período, conforme se recorda Ângelo Maiolino, o atual presidente brasileiro da entidade. “Chegamos muito além do que pensávamos e isto, por si só, consiste em uma vitória. Realizar encontros binacionais é um desafio, ainda mais em meio a tantos outros eventos de hematologia que ocorrem ao longo do ano”, relata Maiolino.

Quando iniciou suas atividades, em 2004, os membros do grupo não imaginavam que esta parceria renderia tantos frutos quanto os conquistados neste período, conforme se recorda Ângelo Maiolino, o atual presidente brasileiro da entidade. “Chegamos muito além do que pensávamos e isto, por si só, consiste em uma vitória. Realizar encontros binacionais é um desafio, ainda mais em meio a tantos outros eventos de hematologia que ocorrem ao longo do ano”, relata Maiolino.

aibe3O segredo, segundo o brasileiro, é ter um foco de trabalho que, no caso do grupo, consistiu no campo dos linfomas. “É difícil encontrar um ponto de interesse em comum para um encontro bianual, mas chegarmos ao décimo segundo e isso mostra que encontramos o caminho certo”, destaca Maiolino. Souza complementa ainda que os encontros da AIBE têm como prerrogativa a troca de experiência entre os pares, como ocorre em uma reunião de trabalho para traçar o norte de linhas de pesquisa em comum que possam ser seguidas pelo grupo ítalo-brasileiro. “A Associazione contribui para aproximar pessoas. Quando a fundamos foi graças à proximidade de amigos, eu e o Carmino (Antonio de Souza), que estudamos e trabalhamos com os italianos”. Por meio dos intercâmbios de alunos, nasceram lideranças de pesquisas em linfomas no Brasil, como Marco Aurélio, Kátia Urado e tantos outros.

Maiolino fundou a AIBE ao lado dos brasileiros Carlos Chiattone, diretor da ABHH e professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; e do também diretor da ABHH e presidente atual da Assoziazione, Ângelo Maiolino; e da Itália, Gino Santini e Massimo Federico.

aibeeeeO italiano Massimo Federico concorda com os brasileiros e reforça que a associação entre os países nasceu porque alguns brasileiros passaram um tempo na Itália, o que permitiu uma relação estreita entre eles, fundamentada não apenas pela troca de conhecimento, mas pela confiança mútua. “Aceitamos ampliar nossa parceria exatamente porque neste período de 12 anos que estamos juntos, alcançamos resultados positivos que nos levam a ter a certeza de que investir nosso tempo, nossos esforços e nossas pesquisas nessa cooperação, significam um passo à frente para ambos países”.

Para Federico, não se trata de uma transferência de conhecimento da Itália para o Brasil, mas de um intercâmbio de experiências que representam um avanço em direção aos grandes congressos mundiais de hematologia. “A cada ano evoluímos mais, o que me leva a ter como perspectiva nossa participação, como um grupo, em paineis de eventos de referência em nossa especialidade, no qual poderemos apresentar os resultados de nossos trabalhos estabelecidos neste encontro de 2013”. O italiano resume a história da AIBE com a frase “se puoi sognarlo puoi farlo anche” – que significa, “se você pode sonhar, pode fazer” (Walt Disney).

Perspectivas

aibe44No campo dos linfomas, o diretor da AIBE e também coordenador do encontro, Carlos Chiattone (foto, 1º a esq.), destacou o impacto para o Brasil com a cooperação estabelecida com Giorgio Inghirami, na área de biologia molecular de linfomas, na qual o pesquisador é uma referência, particularmente em linfomas “T”. “Teremos por meio da parceria a possibilidade de incluir centros de alta tecnologia em biologia molecular que ainda não possuímos no Brasil, o que será importante para nossos progressos”.

Outro ponto destacado por Chiattone cabe à formação de subgrupos para discutir os linfomas difusos de grandes células (DLBCL), o CD 30 e CD20 em tumores malignos. “Poderemos validar, aumentar a casuística e comparar se isso se repete em outras regiões, no caso, cruzar os dados Brasil-Itália”.

Também foram apresentados os resultados alcançados pelo Brasil na redução da mortalidade da leucemia promielocítica aguda (LPA). Esta conquista se deve a um estudo multicêntrico, elaborado entre países em desenvolvimento e desenvolvidos, por meio denetworking, que envolveu centros do Brasil, México, Chile, Uruguai, Estados Unidos e países da Europa, sob a coordenação do pesquisador Eduardo Rego, diretor da ABHH e da AIBE.

No encontro Rego apresentou um novo protocolo de registro da leucemia promielocítica aguda (LMA), para observar a qualidade de resposta de tratamentos aplicados. “Trata-se de uma extensão do consórcio internacional de LPA”, explicou. O registro será capitaneado pelo pesquisador e tem início previsto para outubro deste ano.

Pelo menos de 10 publicações conjuntas em linfomas foram provenientes desta parceria. Para o Brasil, ter estudos cooperativos com italianos, hoje considerados referências em ensaios clínicos e trabalhos em grupo, representa a possibilidade de aprender e solidificar as bases científicas.

Um exemplo recente e marcante para a hematologia compete aos trabalhos publicados sobre Hodgkin nucleados por Irene Biasoli, em conjunto com o grupo de Módena, como “Follicular lymphoma – treatment and prognostic factors, de 2012 (Rev Bras Hematol Hemoter. 2012;34(1):54-9). A hematologista é uma das mais novas integrantes da AIBE, que há três anos foi intercambiar na Itália e, desta proximidade, renderam as pesquisas.

No caso do Mieloma, projeto inédito na história do grupo ítalo-brasileiro, Maiolino explica que será formado um grupo para estabelecer estudo de pesquisa básica, na área de biologia molecular. Enquanto a Itália possui recursos tecnológicos nesta linha, o Brasil, segundo Maiolino, possui um expressivo número de pacientes, que serão incorporados às casuísticas. “O grupo brasileiro tem em média 100 pacientes novos por ano. Estimo que ao menos 30 pacientes de centros de referência no País serão incorporados ao estudo”, avalia.

Perenidade

Uma preocupação da diretoria da AIBE é com o ingresso de novos membros na entidade, tanto italianos quanto brasileiros, o que irá garantir a continuidade desta parceria por longos anos. “Esta sequência depende muito de nossa liderança, em estimular talentos e prover o intenso intercâmbio binacional”, conta Maiolino. Diferentemente de anos atrás, quando era necessário ir aprender fora, hoje o Brasil detém a expertise em hematologia, o que permite que o intercâmbio possibilite o enfoque no aperfeiçoamento e evolução, como profissional e pesquisador.

– Recorde a criação da AIBE. Confira os artigos publicados na Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (RBHH) sobre a história do grupo –

Ø  Editorial 2004 – por Angelo Maiolino

Ø  Editorial 2004 – por Gino Santini

O registro dos resultados e avanços alcançados nesta reunião estarão publicados em editorial na RBHH.  

Save the date! O próximo encontro da AIBE está previsto para ocorrer na Itália, em 2014, no mês de setembro. Em breve serão anunciadas data e local.