Na última semana, a FDA, agência americana que controla o uso de remédios no país, aprovou uma nova terapia para leucemia linfoide aguda (LLA) em crianças e adolescentes. Com o uso de células geneticamente modificadas, o tratamento chamado Kymriah, utiliza células do corpo do próprio paciente para destruir a leucemia. O tratamento retira células do sangue do paciente, modifica os linfócitos T por meio de um vírus, são reprogramadas para atacar o câncer e reinseridas no corpo do paciente, é a técnica conhecida como CAR-T.
Adriana Seber, membro do comitê de hematologia pediátrica, da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), explica que as células de LLA possuem em sua superfície um receptor chamado CD19. “Na CAR T os linfócitos do paciente são modificados para já chegarem ao sangue armados com o anti-CD19 e poderem atacar as células leucêmicas, com a esperança de curar a doença”.
Apesar de revolucionário, Adriana destaca que o tratamento não muda a realidade brasileira para pacientes com LLA. Nos EUA o tratamento custa 475 mil dólares, algo em torno de R$ 1,5 milhão de reais. “Para a maioria dos pacientes brasileiros essa decisão ainda não muda absolutamente nada, exceto aumentar a frustração de que, se tivéssemos dinheiro, talvez crianças que hoje falecem por leucemia poderiam sobreviver”.
Dados do Instituto de Câncer José Alencar (INCA) apontam 12 mil casos de câncer infantil anualmente, com taxa de cura em 70% dos pacientes. “Nenhum tratamento de doenças refratárias substitui o diagnóstico bem feito, diante da avaliação dos fatores de risco do paciente, o bom tratamento inicial – e isso muitas vezes falha por falta de acesso a exames específicos, por falta de quimioterápicos confiáveis como vimos com a L-asparaginase. Nenhum CAR-T Cell será suficiente para consertar diagnóstico e tratamento inadequados” finaliza.