EVENTO SOBRE TERAPIAS AVANÇADAS DISCUTE FUTURO DO TRATAMENTO DO CÂNCER E OUTRAS DOENÇAS

Realizado pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, evento reúne alguns dos maiores especialistas do Brasil, Estados Unidos e China dias 5 e 6 de agosto.

A terapia celular tem como objetivo tratar doenças modificando células ou utilizando células em um tratamento. Essa tecnologia vem revolucionando, por exemplo, o tratamento do câncer. Com o objetivo de discutir novidades e manter a comunidade médica e científica sobre o tema, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) realiza o Simpósio Terapias Avançadas Células e Genes (TACG), nesta sexta-feira (5), a partir das 13h, e sábado (6), a partir das 8h.

Nesta terceira edição do evento, realizado de modo remoto, cientistas e profissionais clínicos do Brasil e da América Latina participam de palestras com alguns dos maiores especialistas em terapia celular avançada do Brasil, Estados Unidos e China. Entre os assuntos da programação científica, estão os princípios e tecnologias para edição de genoma e a manufatura de células CAR-T.

Segundo o Dr. Rodrigo Calado, chair do TACG e vice-diretor científico da ABHH, o evento traz elementos novos na fronteira da terapia celular avançada e mostra o que deve ser utilizado nos próximos anos: “Embora as células CAR-T sejam um assunto relevante em terapia celular avançada, e nós falaremos dele, vamos abordar também o que tem de novidade na área como um todo, como edição gênica, tanto nas bases científicas quanto na aplicação clínica desses processos, com especial atenção às doenças hematológicas benignas”, diz.

No tratamento com células CAR-T são utilizadas células do próprio paciente para tratar doenças, por exemplo, cânceres no sangue. Em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou duas terapias com células CAR-T no Brasil, produzidas pela indústria farmacêutica, para o tratamento de leucemia linfoide aguda, de linfoma difuso de grandes células B e de mieloma múltiplo, também estão avaliando utilizá-las para outros tipos de cânceres no sangue.

“Os tratamentos ainda estão sendo precificados, e a estimativa deve  ficar em torno de milhares de dólares. Mas o Instituto Butantã, a Universidade de São Paulo (USP) e o Hemocentro de Ribeirão Preto criaram o maior centro de terapia celular avançada da América Latina, com Núcleo em São Paulo e em Ribeirão Preto, para a produção de células CAR-T para o SUS. A dimensão desse projeto deve produzir uma tecnologia brasileira que permita até 300 tratamentos por ano. Então a perspectiva de tratamento com células CAR-T, em especial, no SUS é bastante favorável”, explica Dr. Calado, que trabalha nesse projeto e, também, é pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, e diretor científico do Hemocentro de Ribeirão Preto.

Atuação da ABHH – Como sociedade científica que trabalha há anos pela terapia celular brasileira, em 2010, a ABHH chegou a alterar seu nome para incluir o termo Terapia Celular, com o objetivo de dar centralidade a esse importante pilar da instituição.

Empenhada em promover informação atualizada à comunidade e importante mediador entre Anvisa, indústria, centros de pesquisa, universidades, instituições de financiamento e outros atores no estabelecimento de diretrizes para a prática em TC, a Associação publicou, em 2021, o Guia de Boas Práticas Clínicas em Terapia Celular e o Consenso sobre Células Geneticamente Modificadas, marcos que expressam a relevância da ABHH.

Há ainda a parceria entre a ABHH e a Sociedade Americana de Hematologia (ASH, da sigla em inglês) para mapeamento da terapia celular na América Latina, que visa a conhecer os desafios e identificar as oportunidades em relação à medicação de alto custo no Cone Sul.

 Sobre a ABHH

A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) nasceu da fusão da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) com o Colégio Brasileiro de Hematologia (CBH). Hoje, a instituição conta com mais de 4 mil associados, após ter sido a primeira junção de entidades associativas do País.