Nascido em 13 de agosto de 1916, o professor Dr. Michel Abu Jamra completaria 100 anos em 2016. Para prestigiar o eminente doutor, os organizadores da 10ª edição do Curso de Revisão de Hematologia e Hemoterapia do Hospital Israelita Albert Einstein, realizada em parceria com o MD Anderson Cancer Center, prepararam uma homenagem.

O tributo foi sugerido pelo Dr. Jose Moura Magalhães e a merecida reverência foi prestada pelos professores Drs. Vicente Odone Filho e Nelson Hamerschlak, ambos conviveram e aprenderam muito com o Dr. Jamra.

Mesmo após sua aposentadoria, Jamra continuou a orientar o professor Carlos Sergio Chiattone e outros colegas. O docente sempre fez questão de separar trabalhos do interesse de cada um aproveitando sua biblioteca na Fundação Maria Cecília Vidigal, onde fazia reuniões científicas, às sextas feiras, que eram seguidas de momentos de descontração regadas à cerveja, bebida predileta dele.

Destaco que foi em um destes momentos que o professor nos sugeriu a realização do segundo encontro de hemoterapia no Hospital Israelita Albert Einstein, 50 anos depois. A última reunião do evento aconteceu no dia 10 de agosto, uma sexta-feira, no Pandoro, com chopp e pasteizinhos. Infelizmente, na segunda-feira, o professor Jamra sofreu morte súbita.

Conhecimentos da área

Michel Abu Jamra graduou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 1940. Por volta de 1946, tornou-se doutor e, um ano depois, fez a livre docência. Foi professor titular de Hematologia e chefe da disciplina de Hematologia e Hemoterapia da FMUSP, em 1977.

Jamra foi membro da Academia de Medicina de São Paulo e sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) e do Colégio Brasileiro de Hematologia (CBH).
Publicou mais de 250 trabalhos científicos e proporcionou a elaboração de teses de mestrado e doutorado, em São Paulo. Participou ativamente da instalação do PróSangue no Brasil e da criação do Hemocentro de São Paulo, além de receber vários prêmios no Brasil e exterior.

Participou ativamente da revista do Hospital das Clínicas e fundou a Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas. Posteriormente, chamada de Brazilian Journal of Medical and Biological Research, que se tornou uma das publicações mais prestigiadas do Brasil.

Em 1965, instalou-se a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Nesse Instituto de Hematologia, destinado ao estudo da leucemia e doenças afins, exerceu a função de diretor científico até sua morte, em junho de 1999.

Dentre os primeiros discípulos de Abu Jamra, encontram-se: Domingos M. de Cillo, Victorio Maspes, Therezinha Verrastro, Eurico Coelho, Therezinha Ferreira, Lorenzi, Norma Wollner, João Targino de Araújo, Orlando César de Oliveira Barreto e Waltraut Lay.

Dentre outros, que com ele estagiaram, em média dois anos, e quando estes colegas retornaram aos seus estados de origem, tornaram-se proeminentes hematologistas, têm-se: Romeu Ibrahim de Carvalho, Sidney de Morais Rêgo, Dilson José Fernandes, Meirione Costa e Silva, Romildo Lins, Estácio Gonzaga Filho, Gilson Saraiva de Mello, Linete.

Michel Abu Jamra faleceu em 1999, com 83 anos incompletos.

Por: Nelson Hamerschlak