Encontro trará um panorama de resultados alcançados com o uso da tecnologia e mostrará resultados estudos recentes neste campo
Neste sábado (22/2), o professor italiano e pesquisador Andrea Gallamini conduzirá uma discussão sobre aspectos referentes ao impacto da aplicabilidade do PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons) no diagnóstico dos linfomas. Na ocasião, ele apresentará o estudo Standard Therapies versus Novel Therapies in Hodgkin Lymphoma.
A palestra, que tem o apoio da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), será realizada de 9h às 12h, no Anfiteatro do Hospital Samaritano, em São Paulo. A atividade faz parte do programa “PET/CT – Novas Aplicações e Indicações Revisitadas”, organizado pela instituição.
O presidente da SBMN, Celso Darío Ramos, traçará um panorama atual da tecnologia do PET no Brasil. Segundo Ramos, um dos autores do livro PET e PET/CT em Oncologia (2011, Ed. Atheneu), o PET tem importantes e crescentes aplicações em cardiologia e neurologia, mas atualmente sua maior relevância é na oncologia. A tecnologia contribui para acelerar as decisões clínicas no tratamento e acompanhamento dos pacientes com linfomas e outros tipos de câncer.
Inclusive, na análise de uma recidiva da doença, o PET/CT tem papel fundamental no rastreamento da extensão e localização do tumor. Biópsias podem ser evitadas ou melhor direcionadas para o local de maior atividade tumoral e recidivas podem ser mais rapidamente detectadas, o que aumenta a chance de cura ou de aumento de sobrevida do paciente.
Trata-se de um método diagnóstico por imagem funcional que, ao mesmo tempo, permite ao médico obter excelente resolução anatômica dos órgãos. No caso da oncologia, um dos benefícios é o estadiamento da doença no organismo, o que ajuda no direcionamento do tratamento e, consequentemente, no alcance de melhores resultados e aumento da sobrevida. “O PET/CT funde a imagem anatômica com a funcional e temos o local exato onde o tumor está, possibilitando a escolha do melhor tratamento – quimioterapia, radioterapia ou cirurgia”, relata Ramos, que é professor e pesquisador da Unicamp.
Cooperação Internacional
Ao final do encontro será estabelecida uma proposta de cooperação internacional de pesquisa nesse campo de diagnóstico de linfomas por meio da tecnologia PET/CT.“O professor Gallamini trará para o Brasil uma proposta de estudo multicêntrico internacional, do qual ele é o investigador principal, sobre o aspecto quantitativo do PET/CT na avaliação prognóstica dos Linfomas”, afirma o coordenador da mesa, o hematologista Carlos Chiattone, diretor da ABHH e especialista do Núcleo de Oncologia do Hospital. “Um dos mais relevantes avanços no tratamento dos linfomas foi a introdução do PET-CT”, enfatiza.
PET – saúde suplementar e SUS
Em janeiro entrou em vigor Portaria que amplia a oferta de indicações para o exame PET de três para oito: hoje estão contemplados detecção de nódulo pulmonar solitário, câncer de mama metastático, câncer de cabeça e pescoço, melanoma e câncer de esôfago, além dos anteriores, que eram tumor pulmonar para células não pequenas, linfoma e câncer colorretal.
A SBMN considera a medida um avanço, tendo em vista um atraso de 10 anos para aumentar o rol de indicações do PET na oncologia nesse campo da saúde suplementar. Entretanto, salienta que ainda há indicações que ficaram de fora. “A lista não foi estendida para câncer de tireoide, colo do útero, testículo, ovário e outros, prática já comum em diversos países de todo o mundo, como Uruguai”, destaca Ramos.
Já na saúde pública, o presidente da SBMN chama a atenção para o fato de, apesar de a cobertura da saúde suplementar ter sido ampliada para oito doenças, no Sistema Único de Saúde a realidade ser outra. “A Sociedade defende que seja oferecido acesso ao PET também aos usuários da saúde pública como ferramenta no diagnóstico.” No final do ano passado, após parecer favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) para inclusão do PET/CT na tabela de procedimentos do SUS, foi realizada consulta pública sobre o assunto, com ampla participação de pacientes e profissionais que defenderam a medida. Entretanto, até o presente momento, não houve a decisão final do Ministério da Saúde de oferecer PET/CT aos pacientes mais carentes, como ocorre nos mais diversos países, inclusive da América Latina.
Sobre Andrea Gallamini – Division of Haematology, Santa Croce e Carle Hospital, Cuneo, Itália; Onco-haematology Department, A. Lacassagne Cancer Center, University of Nice, Nice, França.