No Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, datado em 28 de julho, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) informa aspectos das doenças
Hepatite é um termo que define uma inflamação no fígado, ocasionada por diversos fatores, como medicamentos, álcool e também por infecções virais. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) aproveita o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, datado em 28 de julho, para informar aspectos dessas doenças, que podem ser transmitidas pelo sangue, água e alimentos contaminados. No Brasil, a hepatite B é mais prevalente na Amazônia e no oeste de Santa Catarina e Paraná, nestes últimos locais atribui-se a colonização italiana, pois a hepatite B foi endêmica na região mediterrânea no passado.
Já a hepatite A é mais prevalente nos locais com baixas condições sanitárias e água não-tratada. Igualmente prevalente nos grandes centros urbanos, a hepatite C é muito frequente entre usuários de drogas injetáveis. Porém, atualmente, há uma queda desse contágio, devido à popularização do crack, que não é uma droga injetável.
Já a hepatite E é pouco estudada no País, mas sabe-se que existem casos e alguns estudos mostram soroprevalências acima de 2%, mas ainda não há um estudo com abrangência nacional. Segundo o virologista José Eduardo Levi, membro do Comitê de Doenças Infecciosas Transmitidas por Transfusão da ABHH, as hepatites virais podem ser causadas por cinco tipos de vírus classificados de A a E (HAV,HBV,HCV,HDV e HEV).
“As hepatites B (HBV) e C (HCV) são transmitidas pelo sangue e, por isso, merecem maior atenção na hemoterapia. As hepatites A e E são de transmissão fecal-oral, ou seja, por meio da água e alimentos contaminados. Porém, pelo fato de provocarem viremia (vírus livre presente no sangue), podem ser ocasionalmente transmitidas por sangue e derivados”, explica Levi.
Ainda de acordo com o especialista, existem alguns casos documentados de contaminação via transfusão sanguínea por HEV, o que tem levado alguns países a introduzirem testes de triagem de doadores também para este agente. Segundo ele, um paciente que recebe um sangue contaminado com hepatite via transfusão pode desenvolver uma hepatite viral, que provoca inflamação do fígado com menor atividade deste órgão vital para nossa saúde. Pode, inclusive, prejudicar o tratamento da doença que levou o paciente a receber a transfusão.
Pacientes imunossuprimidos, que são um importante contingente dos transfundidos cronicamente, podem desenvolver quadros graves em pouco tempo após a transfusão.
No Brasil, Levi enfatiza que o risco de hepatite transfusional, por HBV ou HCV, é muito baixo, pois há anos não se relata um caso confirmado, em parte pelo esforço investido na triagem sorológica e molecular.
“Em relação à regulamentação para evitar a contaminação de hepatites virais por transfusão de sangue, o Brasil já realiza, de forma obrigatória, o que existe de mais moderno na triagem de doadores para as hepatites virais B e C, que é a somatória dos testes que detectam anticorpos aos testes moleculares (NAT), que cobrem o período de janela imunológica quando ainda não se formaram os anticorpos”, ressalta.
Para prevenção da contaminação, as políticas públicas nacionais implementadas começam pela vacinação para HBV, passando pelos centros de testagem anônima e a disponibilização do tratamento na rede pública, além de testes especializados de carga viral e genotipagem de HBV e HCV.
Ao tratarem os infectados, diminui-se a circulação dos vírus na população, que também é uma forma de prevenção que teve sucesso na década de 1980/1990, com o HIV no Brasil. O percentual de cura é diferente para cada uma das hepatites virais. A hepatite A é muito frequente e a maioria das pessoas que já teve contato com o vírus não apresentou qualquer sintoma e só restou uma “cicatriz” sorológica, que é a presença de anticorpos contra o vírus chamado HAV.
Raramente poderá causar uma hepatite aguda, sendo de maior risco para hepatopatas (pessoas com problema no fígado). Para a hepatite B, Levi destaca que o Brasil tem uma vacina muito eficiente que já foi incorporada ao calendário infantil há muitos anos.
Quando não havia vacinação, verificava-se uma taxa de cronificação muito maior em crianças infectadas do que em adultos; apenas cerca de 5% dos adultos que são infectados desenvolverão a forma crônica da doença, os outros 95% vão desenvolver anticorpos naturalmente capazes de eliminar o vírus.
Na hepatite C, a taxa de pessoas que desenvolvem a forma crônica é muito maior, de 70-85%. Até pouco tempo, se dispunha de um arsenal terapêutico limitado e de baixa eficácia contra o HCV, além de muitos efeitos colaterais. Nos últimos anos, o especialista recorda que houve uma verdadeira revolução com o desenvolvimento de drogas muito eficientes e bem toleradas, antivirais específicos que em pouco tempo de tratamento levam a cura. “O maior problema ainda é o custo destes novos medicamentos”, ressalta o virologista.