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Simpósio da ABRALE durante SBTMO 2017 debate falta de leitos e qualidade em TMO
Falta de leitos para TMO no Brasil foi pauta do Simpósio ABRALE: O olhar do paciente para o TMO, nesta sexta-feira durante o XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) na capital paulista. Na avaliação do médico Nelson Hamerschlak, presidente do SBTMO 2017, e de Merula Steagall, presidente da ABRALE, que compunham a mesa, atualmente no Brasil não há déficit de doadores de medula óssea, mas falta de leitos adequados para a realização do procedimento.
Participaram da discussão pacientes, familiares, médicos e profissionais da área da saúde de instituições públicas e privadas. De acordo com o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, dos 94 centros transplantadores existentes no Brasil, a maioria tem filas para o procedimento e uma minoria tem leitos ociosos. Para Merula, “os centros transplantadores que têm desempenho ruim ‘devem ser fechados’ para que os recursos sejam melhor utilizados”.
Hemerschlak e Merula apoiam iniciativas que visem a regulação do uso dos leitos e o aperfeiçoamento dos registros. Um dos objetivos é acompanhar o desfecho pós TMO. A ABRALE vai iniciar uma extensa pesquisa com todos os seus 2.500 pacientes cadastrados para conhecer com detalhes o histórico de cada um, incluindo familiares.
Acesso aos medicamentos caros e baratos: gestores devem ser responsabilizados
Hamerschlak defende a adoção de um pacto entre governo, indústrias, médicos e pacientes com o objetivo de ampliar o acesso de pacientes a novos medicamentos e tratamentos. Para reduzir o valor dos medicamentos novos, considerados de alto custo, o especialista propôs ao governo a redução ou eliminação de impostos, para as indústrias a redução do custo e para os médicos a prescrição feita por centros de referência evitando o uso inadequado das novas drogas. “Além disso, o uso em maior escala acaba forçando naturalmente os preços a caírem”, acrescentou.
Durante o debate, o presidente do SBTMO 2017 reforçou que os pacientes estão sendo prejudicados não apenas pela dificuldade de acesso a remédios eficientes e caros, mas também aos mais baratos como Melfalan e Clorambucil, por exemplo, devido ao desinteresse da indústria em continuar a produção.
Hamerschlak lembrou ainda que a constituição garante saúde a todos os brasileiros e que não há motivos para não disponibilizar aos pacientes brasileiros medicamentos com comprovada eficiência, já aprovados pela ANVISA e não adotados no SUS. “Os gestores públicos no Brasil deveriam ser responsabilizados criminalmente e em último caso até presos quando comprovada a omissão e a negativa de acesso aos medicamentos e tratamentos que podem salvar milhares de vidas”, conclui.