ABHH emite nota de esclarecimento quanto à segurança nas transfusões e transplantes
A epidemia de Chikungunya (CHIKV), um alphavirus transmitido por mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus continua crescente. Começou nas ilhas do Caribe em dezembro de 2013 e já atinge a proporção de quase 305 mil casos suspeitos comunicados à Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS). Destes 4.756 foram confirmados como Chikungunya conforme relatório emitido online pela OPAS/OMS com o panorama da situação até 3 de julho de 2014.
As autoridades sanitárias brasileiras estão atentas à evolução de casos no Caribe, local em que a propagação de casos já é considerada um “surto”. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), por meio de seu Comitê de Doenças Infecciosas Transmitidas por Transfusão, está vigilante. “Até o momento não existem razões para introduzir quaisquer medidas. Estamos acompanhando e estudando evolução da infecção e medidas de prevenção de transmissão por transfusão e transplantes adotadas por outros países durante epidemias”, relatou o prof. Celso Bianco, membro do Comitê da ABHH e também presidente da International Society of Blood Transfusion (sigla ISBT – Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue).
Apesar de registros históricos de grandes epidemias, não existem casos de transmissão do CHIKV por transfusão de sangue descritos até hoje, a preocupação existe devido às muitas similaridades com o vírus West Nile e o vírus da dengue, que possuem os mesmos vetores: mosquitos e, também, por transfusão.
Os primeiros sinais da doença começam a aparecer entre três e sete dias após a picada do mosquito. Não há nenhum tratamento específico ou vacina para prevenir a infecção por esse vírus, que acomete com mais frequência crianças com menos de um ano, pessoas com mais de 65 anos de idades e/ou aqueles com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, entre outras.
A infecção provoca febre alta, dor nas articulações, erupção cutânea, dores de cabeça e musculares. A doença raramente causa a morte, mas a dor articular pode durar meses ou mesmo anos em alguns casos.
Durante a epidemia que ocorreu na ilha francesa La Réunion, no Oceano Índico, em 2006, foram registrados 260 mil casos clínicos de CHIKV em uma população de 770 mil habitantes. Na época o governo francês suspendeu as coletas de sangue e enviou concentrados de hemácias coletadas na França para transfusões na ilha. Plaquetas foram coletadas por aférese localmente e tratadas por métodos de inativação de patógenos antes da transfusão.
Uma pequena epidemia ocorreu na região de Emilia-Romagna, na Itália, em 2007. Assim como em Lá Réunion, a coleta de sangue foi interrompida na área afetada e sangue foi importado de regiões não afetadas. Países Europeus introduziram perguntas sobre viagem a regiões afetadas para seleção de doadores, e deferiram os que responderam afirmativamente para as localidades de foco do vírus por 28 dias. É importante notar que as medidas foram tomadas algumas semanas após o início da epidemia e nenhum caso de transmissão foi registrado.
A ABHH permanece vigilante no acompanhamento da disseminação do vírus CHIKV que não se propagou progressivamente no Brasil até o momento, sendo registrados até o momento (7/7) 17 casos de suspeitas da “febre Chikungunya” isolados em determinadas regiões do país. Destes, apenas dois se confirmaram sendo a doença no Rio de Janeiro. A entidade fará recomendações conforme o transcorrer da situação no território nacional.
(Comitê de Doenças Infecciosas Transmitidas por Transfusão).
Outras informações sobre o Chikungunya acesse o hotsite da OPAS/OMS
Veja também: Procedimentos a serem adotados para a vigilância da Febre do Chikungunya no Brasil – portal Ministério da Saúde
Crédito Imagem: Wikipédia