Mais de mil congressistas – entre transplantadores e outros profissionais de áreas correlatas – participaram no dia de hoje, 17 de agosto, do XXI Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), que acontece até sábado (19) no World Trade Events Center, na capital paulista.
O evento contou com a presença de 25 convidados internacionais que atuam em TMO e compartilharam experiências dos países em que são referência no procedimento, além de estudos científicos, atualização clínica e novidades de cada parte do mundo, de acordo com cada região de atuação.
Destaques do Dia
Abertura
A mesa de abertura do XXI Congresso da SBTMO foi composta por Nelson Hamerschlak, presidente do XXI Congresso da SBTMO 2017, Ricardo Pasquini presidente de Honra do XXI Congresso da SBTMO 2017, Vergílio Antonio Rensi Colturato, presidente da SBTMO, Carmen Silvia Vieitas Vergueiro, presidente da Associação de Medula Óssea do Estado de São Paulo, Noemi Farah Pereira, responsável pelo Laboratório de Imunogenética do Hospital de Clínicas da UFPR, Cristina Vogel, Marcelo Milone Silva, membro da diretoria da Sobope e Dimas Tadeu Covas, presidente da ABHH, comprovando que a entidade vem evoluindo em suas atividades científicas e acadêmicas.
Durante a solenidade, Vergílio Antonio Rensi Colturato, homenageou o médico Ricardo Pasquini, reforçando o seu envolvimento e eficiência.
Conferência Magna
Com auditório lotado, o americano Stefan Octavian Ciurea, professor associado do centro de transplante de células-tronco e terapia celular do MD Anderson Câncer Center abriu os trabalhos científicos do SBTMO 2017 discutindo os mais recentes estudos sobre o progresso e direcões futuras no transplante haploidêntico de células-tronco, mediado pelo médico Nelson Hamerschlak, um dos principais nomes brasileiros na área. O especialista coordena o departamento de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Albert Einstein. Com 40 anos de experiência, Hamerschlak é um dos fundadores da SBTMO e presidente do Congresso.
Ciurea falou sobre os mecanismos para prevenção da recidiva – retorno do câncer após uma cirurgia – apresentando novos estudos com as células NK, que tem um papel importante na eliminação de células doentes. Destacou as inúmeras possibilidades relacionadas ao uso de inibidores para corrigir alterações moleculares em pacientes com leucemias, enfatizando que o transplante haploidêntico vêm facilitando a vida do possível transplantado e também do transplantador, fato que ultrapassa a barreira da incompatibilidade e tem grande eficácia.
Para Hamerschlak, o Brasil não tem mais falta de doadores e sim de leitos para transplante.
TMO
TMO em idosos foi outro tema abordado durante a Conferência. Ciurea lembrou que a opção para TMO não tem mais limites de idade, sendo que o que importa é a condição física do paciente, ressaltando que há pacientes transplantados com mais de 75 anos de idade.
Gerenciamento de dados em TMO
Cada vez mais a informação faz parte da saúde. É o que afirma Marcelo Pasquini, professor associado de medicina na divisão de hematologia e oncologia do Medical College of Wisconsin diretor científico do CIBMTR, em Milwaukee, EUA. No primeiro dia do Congresso da SBTMO, realizado hoje, 17, na cidade de São Paulo (SP), Pasquini participou do II Encontro de Gerenciadores de Dados em Transplante de Medula Óssea. O objetivo da atividade é capacitar os centros brasileiros de TMO a registrar, gerenciar e trocar dados com outras entidades de TMO.
“Nós atingimos o nosso objetivo que era difundir e fazer um processo interativo na parte educativa”, afirma Pasquini. Segundo ele, não há informações sobre os transplantes de medula óssea realizados no Brasil e que o primeiro passo é saber a realidade no país por meio da coleta de dados. “O gerenciamento de informações pode contribuir para o avanço da saúde brasileira, com uma análise de desfecho e escolha do melhor tratamento para o paciente. Além disso, os centros saberão o porquê o banco A é melhor que o B, tendo assim um parâmetro de qualidade”, completa o especialista.
No encontro deste ano, cerca de 40 participantes de 20 centros de transplante de medula óssea participaram do curso, o que representa quase o dobro do ano passado. “Ano passado tiveram centros que não participaram e vieram este ano. Assim nós vamos aumentar o número de centros que estão reportando os registros para termos os dados brasileiros de TMO” finaliza.
Transplantes alternativos
Douglas Gladstone e Maria Bettinotti, pesquisadores do Hospital Johns Hopkins atraíram à atenção do público ao apresentar suas experiências durante o Simpósio sobre transplantes alternativos. A dupla apresentou estudos sobre a dessensibilização de pacientes com anticorpos anti-HLA específicos contra o doador. Um fato importante apresentado foi a adoção da plasmaferese uma ou até vezes no período pós TMO.
Além do pioneirismo na realização dos transplantes haploidênticos, mostraram a importância do controle dos anticorpos do doador e do receptor, uma vez que essa modalidade de transplante ocorre com grande frequência entre pais e filhos e vice versa. “Esse controle tem um impacto direto nos desfechos do transplante”, destacou Gladstone.
Avanços do TMO em leucemia linfocitica crônica
O tratamento dos pacientes com leucemia linfocítica crônica e mieloma múltiplo tem crescido nos últimos anos devido ao progresso do conhecimento da biologia das células. Fato que motivou o surgimento de novas drogas por um lado e, por outro, em função do aperfeiçoamento dos grandes e excelentes centros de TMO.
As novas drogas como Ibrutinibe e Venetoclax melhoram o prognóstico de pacientes considerados de alto risco. Para o médico Carlos Sérgio Chiattone, um dos obstáculos que os médicos enfrentam no tratamento de pacientes no Brasil está relacionado às dificuldades de acesso as novas drogas, principalmente em função dos altos preços. Sendo assim, o TMO é uma alternativa importante, apesar de ser menos frequente em países desenvolvidos do primeiro mundo.